sábado, 7 de junho de 2008

O que ensinar?


No caminho da Serra da Bocaina - by Renata 12/06

Marcelo Parada, começa sua coluna semanal com o seguinte parágrafo:
"Ouço que a Secretaria da Educação de São Paulo vai promover seminários e oficinas para ensinar a meninada a comer melhor. Nada contra, tudo a favor. Aliás, se vão ensinar a comer melhor é sinal que os alunos da rede pública estão comendo, o que não é pouca coisa. Antipatizo mesmo é com o uso indiscriminado da palavra oficina. Na minha infância, meu tio Antero tinha uma oficina entre o Imirim e Santa Terezinha. Para a oficina, eram levados carros com defeito. Lá trabalhavam homens com macacões sujos de graxa em ambiente marcado por calendários de mulheres desnudas."

Em seguida faz comparações com a oficina de carros, imaginando como as crianças e professores se comportariam em uma oficina de alimentação. Em tom de brincadeira vai descrevendo a cena até chegar ao ponto que imagino que ele queria tocar, que se refere ao que a Secretaria de Educação deveria estar preocupada, ou seja....com a educação propriamente dita.

Claro que a Secretaria se manifestou em nota de esclarecimento, indignida com os comentários do jornalista, rebatendo a sua crítica a tal oficina para ensinar a comer melhor.


Na semana seguinte, junto com a nota, Marcelo escreve outra vez sobre o assunto, referindo-se então aos números do desempenho dos alunos do Estado de São Paulo: "Eis, porém, que caem em minhas mãos os resultados com o desempenho dos alunos do ensino público de São Paulo em recente rodada de testes. A julgar pela arrogância da resposta da Secretaria da Educação, imaginei que nosso Estado apresentaria aquela medalha reluzente de honra ao mérito, aquele 10 com louvor que a gente enche a boca antes de proclamar ao mundo. Mas que decepção, que tristeza. Não, leitor, não imagine um 5 magricelo, tampouco o 4 com ar de falência múltipla dos órgãos. São Paulo levou mesmo a nota 1,41 na escala de zero a dez, o que significa o seguinte: nossos alunos não estão aprendendo nada de matemática, português, história ou biologia. "

Fala mais algumas verdades sobre o nosso ensino público e fiquei imaginando se a Secretaria iria rebater essa nova coluna. Ou eu perdi alguma coisa, ou a tal Secretaria achou por bem, ficar quieta.

Mas, um novo fato chamou a minha atenção durante essa semana. Um guia para os professores de inglês publicado pela Secretaria de Educação, saiu com um erro de português. A palavra ensino, grafada ENCINO.

A resposta da Secretaria quando foi consultada se iria recolher os exemplares, foi que como a palavra só apareceu uma vez e não cairia nas mãos dos alunos, não havia necessidade de ser recolhida e impressa novamente.

Será que os responsáveis pelo ensino público do Brasil, acham que, pelo fato dos alunos não verem pode ser divulgado algo escrito errado? O que mais está errado no nosso ensino que os alunos não vêem e por isso não são prejudicados? O que devemos ensinar realmente? O que é preciso aprender?

Penso que os alunos mereciam uma resposta a tudo isso...