quarta-feira, 26 de março de 2008

Transformando Sonhos em Realidade




Reprodução da Casa da Ninoca - by Renata - 10/07

Será que quem navega por esse blog sabe o que eu faço? Não vou deixar isso declarado... mas imagino que seja bem fácil de descobrir através das minhas mensagens ou dos textos e livros que indico.

Escrevo o que borbulha na minha mente, os assuntos que me deixam inquieta ou que me fazem refletir, escrevo por aí... escrevo o tempo todo... pena que só às vezes tenho como colocar as palavras que me perseguem em todos os lugares no papel, pena que às vezes eu as perco pelo meio do caminho...

Agora vou falar um pouco sobre escola... educação.... sonhos....

Por falar em sonhos... imagine uma criança pequena "lendo" um livro e de repente esse livro toma vida e todos os cenários ficam do tamanho dessa criança.

Você já teve o prazer de ver uma criança se deparando com essa situação?

Eu tive...

Muitas professoras escolhem desde a infância essa profissão, já nas brincadeiras de criança. Outras só descobrem que querem seguir essa carreira mais tarde, quando tem que fazer a opção por uma faculdade, muitas vieram do acaso e ainda tem a parcela que nem necessitou de formação, pois a profissão caiu em suas mãos.

De uma maneira ou de outra, o que importa é o que se faz quando temos a responsabilidade de educar, de transmitir conhecimento. Não podemos esquecer que somos a base de tudo, que a escola tem uma importância fundamental na formação integral do aluno.

Aluno aqui, pode ser a criança de creche, que chega em nossas mãos aos dois ou três anos de idade sem entender muito por que está sendo deixada ali com tantas outras crianças e sem a mãe. E também pode ser o aluno que chega à faculdade sem ter certeza do que quer fazer ou já num nível mais alto, numa pós graduação, mestrado ou doutorado. Não importa, são todos alunos e professores, por escolha, vocação ou necessidade.

Para atender toda essa diversidade de intenções, o educador tem que querer fazer, tem que gostar de ensinar e tem que ter afeto e saber respeitar.

O afeto é a chave da educação, pois de uma forma ou de outra, com uma idade ou outra, todo ser humano precisa ser tratado com carinho e ser respeitado pelo outro em suas dificuldades e necessidades.

Para que tudo isso ocorra, precisamos construir as escolas dos nossos sonhos. E essas escolas existem dentro de cada educador e eles devem usar esses sonhos onde estiverem.

Não importa o espaço físico que dispõe, o material que tem ou não para usar. O educador, seja ele professor, coordenador, diretor, supervisor ou voluntário, tem que acreditar no que faz, e agir para que a escola que trabalha seja a escola dos seus sonhos.

Cada um deve trabalhar com aquilo que tem, da melhor maneira possível. Não existe a escola dos meus sonhos... existem os meus sonhos adaptados à realidade em que atuo...


domingo, 9 de março de 2008

Onde estão os valores?


Fe e Bru - by Renata - 12/97

Para variar recebo mensagens e textos que me fazem pensar sobre diversos assuntos.

Arnaldo Jabor tem o dom de "cutucar a onça com vara curta", de fazer refletir, de falar o que todos pensam e não tem coragem de dizer.
Dessa forma, ajudo a divulgar o pensamento dele, que tenho certeza é de milhões.
Espero que eu tenha conseguido passar bons valores para meus filhos...
Leiam... reflitam... e tomem atitudes... Só achar bonito não adianta nada!

QUERO VOLTAR A CONFIAR
Arnaldo Jabor

"Fui criado com princípios morais comuns:

Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto. Inimaginável responder de forma mal educada aos mais velhos, professores ou autoridades… Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade… Tínhamos medo apenas do escuro, dos sapos, dos filmes de terror… Hoje me deu uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que meus netos um dia enfrentarão.

Pelo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos e dos adultos. Direitos humanos para criminosos, deveres ilimitados para cidadãos honestos. Não levar vantagem em tudo significa ser idiota. Pagar dívidas em dia é ser tonto… Anistia para corruptos e sonegadores… O que aconteceu conosco? Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes ameaçados por traficantes, grades em nossas janelas e portas. Que valores são esses? Automóveis que valem mais que abraços, filhas querendo uma cirurgia como presente por passar de ano. Celulares nas mochilas de crianças. O que vais querer em troca de um abraço? A diversão vale mais que um diploma. Uma tela gigante vale mais que uma boa conversa. Mais vale uma maquiagem que um sorvete. Mais vale parecer do que ser… Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?

Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores! Quero me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão! Quero a honestidade como motivo de orgulho. Quero a vergonha na cara e a solidariedade. Quero a retidão de caráter, a cara limpa e o olhar olho-no-olho. Quero a esperança, a alegria, a confiança! Quero calar a boca de quem diz: “temos que estar ao nível de…”, ao falar de uma pessoa. Abaixo o “TER”, viva o “SER”. E viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã!

E definitivamente bela, como cada amanhecer. Quero ter de volta o meu mundo simples e comum. Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Vamos voltar a ser “gente”. Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe?… Precisamos tentar… Quem sabe comecemos a caminhar transmitindo essa mensagem… Nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão!”.

Jabuticabas


Acampamento Rio Selvagem -
by Kleber ATM - 10/2007

Hoje, assim que fui verificar minha caixa de correio, tive a grata surpresa de receber um texto de minha irmã, que me fez voltar no tempo.
Quando era pequena, passava algumas férias na fazenda de meu tio-avô em Jaú. Fazenda Santo Antonio.
Uma das minhas maiores lembranças é de comer as frutas direto do pé. Algumas frutas você pode comprar no supermercado, feira ou sacolão, trazer para casa e comer a vontade que não sente a diferença, mas jabuticaba não.
Não existe, para mim, melhor maneira de comer jabuticaba do que direto no pé, em cima da árvore, tentando alcançar as maiores e mais maduras. Sentir o gostinho doce de cada frutinha, e comer até ficar empanturrada e mesmo assim só parar quando não tem mais para comer.
No ano que passou, acompanhei as crianças da escola ao acampamento Rio Selvagem, onde tem vários pés de jabuticaba. Não resisti a tentação e fui parar lá em cima em busca das frutinhas mais saborosas. O pessoal do acampamento até me presenteou com um saco cheio dessas frutinhas maravilhosas para que as comesse com calma e "bem acomodada" na minha casa. Claro que não teve o mesmo sabor, mas valeu a intenção deles. Ainda bem que mais uma vez na minha vida, pude me empanturrar de jabuticaba.

Agora o texto....que fala de jabuticabas, valores e tempo.....



Sobre Tempo e Jabuticabas
Ricardo Gondim

"Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo. Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio.

Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. Não gosto de assembléias ordinárias em que as organizações procuram se proteger e perpetuar através de infindáveis detalhes organizacionais.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de "confrontação", onde "tiramos fatos a limpo". Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.

Já não tenho tempo para debater vírgulas, detalhes gramaticais sutis, ou sobre as diferentes traduções da Bíblia. Não quero ficar explicando porque gosto da Nova Versão Internacional das Escrituras, só porque há um grupo que a considera herética. Minha resposta será curta e delicada: - Gosto, e ponto final! Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.

Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.

Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo."