Praia de Itamambuca - Ubatuba - by Renata - 07/2006A vida é feita de escolhas... de caminhos que se abrem a nossa frente... de bifurcações que nos fazem pensar e decidir... de pontes que aparecem para serem atravessadas... ou não... de rios que se apresentam para serem atravessados... de sonhos que querem se transfomar em realidade... A vida é feita de vida... As escolhas aparecem diante de nossos olhos e decidimos consciente ou inconscientemente. Quando pequenos, temos que decidir entre um brinquedo ou outro, uma roupa ou outra, mas essas coisas que parecem simples aos olhos dos adultos já são o início das primeiras decisões que precisamos tomar em nossa longa caminhada. Crescemos e muitas vezes precisamos ir em frente e para isso novos caminhos se abrem, várias encruzilhadas aparecem diante de nossos olhos e muitas escolhas devem ser feitas.
“Eis aqui uma das grandezas do ser humano: a capacidade de decidir. E eis aqui uma das suas misérias: decidir-se por alguna coisa implica rejeitar as outras alternativas. Decidir não é mais que o fato de descartar. E descartar sempre é doloroso, porque quer dizer deixar de desfrutar ou descobrir o que havia num caminho alternativo. Que aventura perdemos? O que teria passado se em vez disso eu tivesse feito aquilo?
Formular essas perguntas pode transformar-se em um pesadelo. As pessoas são indecisas, basicamente, por dois motivos. Um, pelo medo de enganar-se. Dois, pelo sofrimento que lhes produz descartar opções que neste momento estão ao alcance da mão.
O homem costuma encarar o ato de descartar como uma perda. Mas antes de tomar uma decisão, a sensação de poder é indescritível. Suponhamos que uma pessoa deve escolher uma profissão. É uma das decisões mais determinantes da vida, e deve ser tomada quando temos 17 ou 18 anos. Antes de decidir, esta pessoa tem diante de si um leque enorme de profissões. Há jovens que não sabem se fazem história, jornalismo, letras, direito… outros ficam entre medicina, biologia, veterinária ou nutrição. Enquanto não tome a decisão, sou todas estas profissões porque ainda posso escolhê-las. Que poder enorme! Mas quando me decidir, se escolho biologia, serei só biólogo. E um monte de caminhos que se abriam na encruzilhada de meu futuro se apagarão num instante.
Quando passa o tempo, e essa pessoa faz 30 ou 40 anos, se pergunta: Que teria passado se tivesse escolhido medicina em vez de biologia? Como seria minha vida? E então começará a inventar uma vida paralela, extraordinária e excitante. Imaginando que conheceu uma enfermeira com quem se casou e viveu com ela alguns anos nos Estados Unidos. Claro que o contrário também pode acontecer: se não tivesse escolhido biologia, não teria ido estudar naquela cidade e não teria conhecido aquela amiga, que me apresentou a minha atual mulher. E então meus filhos não existiriam… onde estariam? Onde estaria eu se meus pais não se tivessem conhecido? E se o espermatozóide que levava minha identidade tivesse ficado um milímetro para trás, com os milhões que não chegaram ao óvulo da minha mãe? O que sou eu? Uma coincidência? O que é minha vida? Quem realmente decide?” (Rosa Montero)